O casal francês é Jean-Paul Sartre (1905–1980) e Simone de Beauvoir (1908–1986), um dos mais importantes pares do século XX. Os dois mantiveram uma parceria intelectual e amorosa por mais de 50 anos, desafiando convenções sociais e colaborando na difusão do existencialismo. Juntos, fundaram a revista Les Temps Modernes, que se tornou um espaço de debate filosófico e político (a revista persistiu até 2019, quando morreu o seu diretor, Claude Lanzmann, o homem cansado da cara redonda).
Sartre, filósofo existencialista, escritor e dramaturgo, desenvolveu ideias sobre liberdade e responsabilidade individual, sendo autor de O Ser e o Nada e A Náusea. Beauvoir, filósofa e escritora feminista, explorou a condição da mulher em O Segundo Sexo, obra fundamental para o feminismo moderno, tendo escrito também ficção, como A Convidada.
A ideia de que a existência precede a essência parece uma deliciosa reversão do idealismo platónico, propondo a revolucionária liberdade de saber que somos projetos livres de nos realizarmos na nossa condição humana, independentes de falsas noções de uma essência primordial. Contudo, não parece ser uma tarefa fácil. Como deve cada um orientar a sua vida num mundo sem sentido? Isto num lugar onde está ausente um Deus que dite as regras, uma lei imposta por outros, uma tradição a empurrar-nos para um rebanho? A liberdade humana é a aceitação da responsabilidade de fazer escolhas entre o bem e o mal e de ter a coragem de o fazer com autenticidade. Quando tudo nos faz sentir alienados – cidades sobrepovoadas, excessiva divisão do trabalho que retira sentido à atividade laboral, desconexão com a Natureza, vivências reduzidas à virtualidade social, ditaduras de marketing económico e político – a filosofia existencialista pode ajudar a pôr os pés na terra e a dar um pontapé na falsidade dos nossos tempos.
No vídeo abaixo da BBC 4, narrado por Stephen Fry, podemos compreender melhor, e de forma divertida, a proposta existencialista de J.P. Sartre.